sábado, 11 de julho de 2009

Arquitetura de interiores dribla espaço exíguo do escritório da Glem. Mareines + Patalano . Rio de Janeiro, RJ


Diversos locais especialmente criados para atender os Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro perderam suas funções após o evento. É o caso das áreas sob a arquibancada de concreto do tombado Estádio de Remo, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Sob concessão da empresa de empreendimentos imobiliários Glem, o espaço ganhou novas ocupações, como o escritório da própria empresa instalado em uma faixa da área disponível.

"O programa consistia em colocar em um espaço extremamente desfavorável e exíguo - sob um canto triangular da arquibancada - um centro de operações, salas de diretoria, três salas de reunião formais e espaços para os encontros informais, atendimento, copa e vestiários", contam os arquitetos Ivo Mairenes e Rafael Patalano, responsáveis pelo projeto.

O escritório executou o projeto com maestria, dando ao local uma atmosfera moderna, prática e sofisticada, assim solicitada pelo cliente. A solução foi dividir o vão em três níveis, com lajes de concreto pré-moldado para acomodar o programa. Como o primeiro dos três níveis é semienterrado e as fachadas são atreladas ao design do estádio, os arquitetos criaram um chamariz no interior, tirando partido do vazio central permeável que interliga todos pisos. Assim, instalaram um grande balaio, tramado com vigas de madeira laminada de eucalipto e bambu em contraste com a rigidez do concreto aparente.

Nesse espaço irregular acontece a circulação vertical, definida por escadas curvas de concreto amparadas por corrimão de aço inox, e a horizontal, com uma passarela de vidro no segundo piso. "Por causa desse vazio, os usuários deixam de se encaixar em seus respectivos locais de trabalho para participar de maneira dinâmica e interativa de todo o edifício", explicam os arquitetos.

Iluminação com segurança A cobertura de concreto não permitia aberturas, e as poucas existentes ficavam restritas às duas únicas pequenas fachadas. Uma delas, quase toda ocupada pela rampa de acesso à arquibancada que, por ser pública, facilitaria o acesso indesejável ao escritório, exigiu um planejado e refinado sistema de segurança. Apesar de mais suscetível a invasões, esse lado da construção oferecia a visão da lagoa e do Cristo Redentor. Para que apenas a luz e as belas vistas pudessem adentrar o escritório, planejaram-se longos e estreitos rasgos nas alvenarias.

Já a fachada dos fundos era mais alta e segura, mas se abria para um grupo de confusas e precárias construções. O projeto barrou a poluição visual, permitindo a entrada de luz natural por um semicírculo de vidro translúcido de segurança, que definiu esse plano.

De acordo com os arquitetos, tanto o mobiliário quanto as divisórias, portas e forros acompanham a filosofia de contrastes determinada pela arquitetura. Um trabalho elaborado de marcenaria define as áreas internas de cada pavimento. No primeiro piso, paredes curvas otimizam o espaço irregular. No segundo, como uma colmeia, divisórias de correr formam os ambientes da diretoria, mas possibilitam a sua integração quando necessário. Nos dois pavimentos inferiores, o forro de gesso embute lógica, elétrica e iluminação, e personaliza os espaços com seu desenho criativo.

A luz artificial nos locais de trabalho é básica, de forma a contribuir com a produtividade dos funcionários. Já na circulação, a luz foi planejada com mais requinte, destacando a trama do balaio e dando dramaticidade ao coração do escritório.

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