sábado, 25 de julho de 2009

Arquitetura Bioecológica

O Consumo e a Construção Civil
Conforme dados da Comunidade Européia, a enorme importância do impacto das atividades da construção civil no meio ambiente e, consequentemente, na qualidade de vida do indivíduo é claramente demonstrada:

* Na ocupação territorial e a conseqüente poluição urbana;
* Numa forte periculosidade das técnicas construtivas e dos materiais utilizados há algumas décadas na construção: milhares de produtos cada vez mais sintéticos a base de substâncias petroquímicas de reconhecida toxicidade que tornam o canteiro de obras uma instalação produtiva de alto risco.
* Num consumo descontrolado de recursos não renováveis, em particular petróleo e água (cerca de 50% dos recursos extraídos da natureza são destinados à indústria da construção civil).
* Num maciço consumo de energia de origem fóssil (cerca de 45% da energia produzida na Europa é utilizada no setor construtivo).
* Na produção de poluição atmosférica crescente e responsável pelos fenômenos de poluição global como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio (cerca de 50% da poluição atmosférica é produzida na Europa pelo setor construtivo).
* Na produção maciça de escórias e refugos (cerca de 50% dos refugos produzidos anualmente em Europa provêm do setor construtivo, na Alemanha chega a 70%).

No Brasil, estes números não são muito diferentes.

A construção civil consome:
* 40% dos recursos naturais e da energia produzida
* 34% do consumo de água
* 55% do consumo de madeira não certificada
* 67% da massa total de resíduos sólidos urbanos e 50% do volume total de resíduos

Em face desses dados, torna-se evidente que as escolhas que cada dia a administração pública e o mercado da Construção Civil realizam por meio da atividade profissional de milhares de técnicos e operários tornam-se fundamentais. Estas escolhas exigem uma postura diferente de responsabilidade ética nos setores que determinam a qualidade do meio-ambiente.

Construir de maneira sustentável impõe a todos os envolvidos, do projetista ao usuário, do administrador público ao empresário, do produtor ao varejista, um forte empenho ético e um profissionalismo adequado.

Novas Obrigações Legais

Internacionais

Segundo a Diretiva Européia, todos os Estados se comprometem:
* A adotar metodologia que indique a eficiência energética dos edifícios.
* Com a adoção de requisitos mínimos revisados cada 5 anos.
* Edifícios novos > 1000m2:
* sistema de energia renovável
* calefação ou refrigeração central.
* Obrigatoriedade de apresentação de certificação energética dos edifícios para comercialização.

Em alguns paises, decretos regionais definem os parâmetros de ecoeficiência para novas obras e reformas, como:
* Máximo de consumo de água por instalação e o uso obrigatório de dispositivo economizador
* Limitação para a perda térmica das aberturas com vidro.
* Estabelece contribuição mínima de energia solar para aquecimento de água.
* Isolamento acústico mínimo 48 dB para as paredes.
* Criação de um sistema de pontos com referencia a uso de pré-fabricados, reciclagem, reuso de água, energias renováveis, ventilação natural, sendo que todas as obras devem atingir um mínimo de pontos.

Nacionais

A Resolução nº. 307, de 05/07/2002 CONAMA tornou obrigatória em todos os municípios do País a implantação de Planos Integrados de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil e determinou, também, aos geradores, adoção de medidas que minimizem a quantidade gerada, sua reutilização ou reciclagem e, quando inviável, que os resíduos sejam reservados, segregados, para posterior utilização.

Em 2004, foram publicadas as Normas
NBR:15112 a 15116 para regulamentação da gestão de Resíduos sólidos.

No estado de São Paulo, através da Lei Estadual 12.300/2006 foi estabelecida a Política Estadual de Resíduos Sólidos que define as responsabilidades e os procedimentos para incentivar e controlar o reaproveitamento de resíduos da construção de maneira a promover a redução de consumo dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente, além da geração de empregos e da promoção da consciência ambiental.

Em algumas cidades brasileiras já é obrigatório a preparação para futura instalação
ou mesmo o uso de energia solar para aquecimento de água e em outras esta previsto um beneficio fiscal para sua utilização.

A Valorização do Edifício Bioecológico

Segundo estudos desenvolvidos pelo Green Building Council, realizado com os edifícios certificados, vários são os benefícios econômicos obtidos com os edifícios sustentáveis:
. Os ocupantes de escritórios em edifícios verdes têm grande diferencial de qualidade de vida e saúde e se tornam de 2 a 16% mais produtivos.

. As vendas em locais com iluminação natural são até 40% maiores que os locais fechados. (Source: California Board for Energy Efficiency Third Party Program).

. Estudantes de escolas que priorizam a iluminação natural foram 20% mais rápidos em provas de matemática e 26% em testes de leitura. (According to a Heschong Mahone Group study, “Day lighting in Schools,” conducted on behalf of the CA Board for Energy Efficiency).

. Cada US$1 investido na construção de edificios sustentáveis retorna US$15 em 20 anos:
74% – Saude e produtividade dos ocupantes
14% - Operação e manutenção
09% - Energia
02% - Emissões
01% - Água.

. Um investimento de 2% no projeto, em média, resulta em economia de até 20% no custo total da construção. (Fonte: The Costs and Financial Benefits of Green Buildings: A Report to California's Sustainable Building Task Force,  October 2003)

A Percepção do Mercado

Além do evidente aumento dos custos dos insumos necessários para a construção e para a utilização dos edifícios, devido à redução acelerada de nossas reservas e do uso indiscriminado de recursos não renováveis, os benefícios serão evidentes para aqueles que estiverem adaptados às novas necessidades do mercado.

O mercado europeu já se comprometeu a obter significativas reduções de consumo através de
Licitações sustentáveis para contratos públicos ecológicos, financiamento e pesquisa para renovações nas construções antigas e incentivo a educação ambiental.

O Mercado no Brasil

Já é grande o interesse do mercado no tema da sustentabilidade com participação de importantes empresas pioneiras.

Construtoras

Existe um crescimento do numero de lançamentos de condomínios e empreendimentos residenciais de baixo impacto ou eco-amigáveis, com grandes áreas preservadas atingindo índices de 70% até 95% da área do empreendimento, reflorestamentos, captação e reuso de água e uso de energias renováveis.

Fornecedores

Varias empresas buscam produzir equipamentos que consomem menos água ou energia. Muitas outras desenvolvem e oferecem produtos de aplicação flexível, capacidade de reaproveitamento ou reutilização.

Indústrias

Obras industriais já apontam com reformas para redução de consumo de água e de energia nas instalações prediais, além de novas unidades com previsão para utilização de dispositivos e equipamentos para economia de água, iluminação inteligente, captação de água e uso de materiais de produção regional.

Mercado Financeiro

No sistema financeiro já existem linhas de financiamento especiais para produção e comercialização de equipamentos de aquecimento solar.

Desde 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA – ISE, faz a avaliação de empresas para fins de investimentos, levando em conta tanto aspectos financeiros tradicionais quanto a performance ambiental e social das empresas. Tal qual o Índice da Dow Jones DJSI, reflete o reconhecimento do potencial financeiro relativo às questões de sustentabilidade nas grandes empresas.

De modo semelhante ao esforço desenvolvido por grandes empresas para ingressarem e permanecerem na relação daquele índice americano, muitas empresas neste momento desenvolvem esforço equivalente para configurar no ISE.
Grandes empresas do mercado brasileiro já buscam a certificação de seus edifícios e suas instalações para participarem do DJSI e este movimento deve se acentuar para a participação do ISE que, na sua revisão anual, inclui o percentual de unidades que possuem programa de ecoeficiência em suas instalações e as metas de redução de consumo de recursos com água, energia, papeis e combustíveis fósseis como questões na avaliação das empresas participantes.

Princípios

A Arquitetura Bioecológica - o modelo de Construção Civil com responsabilidade ambiental - segue 10 princípios básicos:
1. Minimizar o impacto ambiental das construções.
2. Promover comunidades sustentáveis.
3. Promover a saúde e o bem-estar do homem.
4. Priorizar a longevidade da construção, durabilidade e adaptabilidade.
5. Utilizar materiais de baixo impacto ambiental.
6. Promover a conservação e uso racional da água.
7. Promover a eficiência energética, o uso racional de energia e as fontes de energia renovável.
8. Minimizar a produção de resíduos e promover a reciclagem.
9. Não utilizar produtos tóxicos. Usar preferencialmente ecoprodutos.
10. Promover a educação ambiental, o consumo consciente e a preservação da cultura

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